Especialistas da saúde pedem cautela no uso de óleo de coco

Especialistas da saúde pedem cautela no uso de óleo de coco
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Por Alimentação saudável de verdade - 04 de março de 2017


Mais uma entidade ligada à saúde e nutrição se manifesta sobre o óleo de coco: na segunda (27), a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) publicou um comunicado que pede cautela com o uso deste ingrediente. A nota chama atenção para a ausência de evidências científicas que comprovem que o óleo de coco tenha propriedades medicinais ou terapêuticas.


Em julho de 2016, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO) também veicularam uma nota na mesma linha: desencorajando o consumo de óleo de coco com fins terapêuticos e até mesmo culinários.


Óleo de coco: o que é verdade, o que é mentira


A declaração da ABRAN é um esforço para desmistificar o óleo de coco, que nos últimos anos ganhou status de ingrediente da vez, capaz de curar tudo e melhorar, sozinho, sua alimentação. Uma breve busca no Google e você verá que não faltam manchetes que associam o consumo do óleo de coco à melhora em problemas cardiovasculares, obesidade e até Alzheimer.

O problema, informa a ABRAN, é que não existem evidências suficientes que provam que isso faz sentido: aliás, em alguns casos, o óleo de coco comprovadamente faz mal. Entenda aqui embaixo os principais argumentos da ABRAN:

  1. Os estudos que analisam a correlação entre óleo de coco e perda ou ganho de peso são poucos e têm resultados controversos e inconsistentes. Por isso, não é seguro assumir que o óleo de coco seja um fator decisivo para aumento de saciedade ou redução do peso em indivíduos obesos, por exemplo.
  2. Ao contrário do que se pensa, ele tem potencial de aumentar o colesterol total, e não reduzi-lo. Em suma: o óleo de coco pode aumentar os riscos de doenças cardiovasculares.
  3. Faltam evidências clínicas que mostrem que o óleo de coco seja antibacteriano, antifúngico, antiviral e um reforçador do sistema imunológico, como lemos com frequência em matérias que defendem o uso dele.
    Também não há nenhum estudo que aborde a influência do óleo de coco na função cerebral de portadores de alteração cognitiva, como Alzheimer.

Diante de tudo isso, a ABRAN declara que óleo de coco não deve ser prescrito por médicos, nem para dietas, nem para tratamentos.

E agora? Tchau, coco?


Nem pensar. O coco é um ingrediente sensacional que rende preparos deliciosos (veja na lista de receitas relacionadas, que fica ali no alto à direita). Inclusive, preparar em casa o seu próprio leite de coco é daquelas coisas que transformam a cozinha (a moqueca nunca mais será a mesma, e você pode descobrir a maravilha que é o feijão preto com leite de coco).


E, se você acompanha este blog, se viu o curso Comida de Verdade no canal Panelinha no YouTube e segue o Panelinha nas redes sociais, já sabe que o caminho é a variação. Você não deve substituir todos os óleos que consome pelo óleo de coco; pode consumir óleo de coco de vez em quando - assim como deve consumir óleo de oliva, óleo de linhaça, óleo de milho, óleo de soja, óleo de girassol, manteiga…

O segredo é lembrar que não existe alimento bom ou alimento ruim - cada um tem, na verdade, uma composição nutricional única. É da variação e da combinação de diferentes ingredientes que o corpo garante todos os nutrientes que precisa.


Essa lógica dos modismos alimentares, que todo mês apresenta um novo alimento capaz de resolver todos os problemas, é um truque - nenhum alimento sozinho tem a capacidade de melhorar tanto sua saúde.