Os meus favoritos

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Por Rita Lobo - 16 de setembro de 2011


No último post prometi contar, categoria a categoria, todos os meus votos. Mas antes, conheça os vencedores: Arábia (árabe), Brasil a Gosto (brasileiro), Varanda (carne), Fogo de Chão (rodízio de carnes), D.O.M. (contemporâneo), Ráscal (cozinha rápida), Arola Vintetres (espanhol), La Brasserie Erick Jacquin (francês), Fasano (italiano), Maria di Vietri (cantina), Kinoshita (japonês), Bráz (pizzaria), A bela Sintra (português), AK Vila (variado), A Figueira Rubaiyat (ambiente), Mocotó (restaurante bom e barato). Além disso, o prêmio de chef revelação do ano foi para Alberto Landgraf, do restaurante Epice. Alex Atala (D.O.M. e Dalva e Dito) conquistou o prêmio de chef do ano. Marcelo Fernandes (Kinoshita, Clos de Tapas e Mercearia do Francês) foi o restauranteur de 2011. Agora sim, aos votos!

Só um detalhe: na foto você vê mais uma seleção de pratos que comi durante o período das visitas a restaurantes, dedicadas ao prêmio.

Árabe: Arábia
O páreo estava dificílimo. Ou melhor, difícil do ponto de vista dos restaurantes, porque para nós, o público, especialmente para quem gosta de comida árabe, São Paulo está cada vez melhor. Além do Arábia, fui ao Manish, estreante, que está muito bem na foto, e o Tenda do Nilo, que já foi vencedor na categoria bom e barato, em outros anos. Há outros ótimos restaurantes árabes. Mas, para mim, o Arábia continua sendo o melhor de todos. É difícil não levar em consideração o equilíbrio entre serviço, ambiente e comida. E constância, claro.

Brasileiro: Brasil a gosto
Eu adoro o trabalho da Ana Luiza Trajano. Ela pesquisa, viaja e traz receitas e costumes de todos os cantos do país em forma de festivais para o restaurante dela. A cada três meses, além do cardápio fixo, uma região é homenageada com um menu especial. Agora é a vez da Paraíba. Mesmo assim, esse não foi um voto simples. De outro jeito, a Mara Salles também faz um lindo trabalho. E o Alex Atala, no Dalva e Dito, também. Assim como o Rodrigo Oliveira, no Mocotó. Mas penso que a Ana Luiza é a que melhor representa a vastidão do Brasil. No Mocotó, que eu adoro, a cozinha é nordestina. No Dalva e Dito, apesar da inspiração na afetividade da cozinha de mãe, o resultado é mais autoral, como não poderia deixar de ser. Por exemplo: salada de cavaquinha preparada a baixa temperatura com pepino caipira, tomate, vinagrete de cítricos e bisque. Sacou? E não pense que eu seja contra o desenvolvimento! Mas achei que o Brasil a gosto seria o voto mais adequado para a categoria.

Carne: Varanda
Fui ao novo Rodeio, do Iguatemi, que é igual ao outro, só que mais bonito. Tudo muito bom. Tão bom que, quando chega a carne, já nos entupimos de pão de queijo e salada. Mas isso é problema do freguês, não do restaurante. Fui ao Rubayat, sempre muito bom. Mas a carne do Varanda é a melhor. De longe, o restaurante é o menos charmoso dos três, mas as carnes são incríveis. Eu me sinto um pouco como a minha filha, quando perguntaram a ela para que time ela torcia: “Para todos.” Indignado, meu filho perguntou: “E se o Flamengo ganhar do Corinthians?” Ela nem titubeou: “Fico feliz pelo Flamengo, e triste pelo Corinthians...”. É isso aí. São muitas as boas churrascarias.

Carne/rodízio: Fogo de Chão
Quer dizer, são muitas as boas churrascarias a la carte. Já vou dizendo que eu não gosto de rodízio. Perco o apetite.Ou como sem parar. Não tem meio termo. Fui a três porque fui obrigada. Numa, considerada ótima, mas que não vou citar, a carne estava horrenda. Na outra, nada de mais. A melhor foi a Fogo de Chão. Agora, pergunte ao meu irmão o que ele acha de churrascaria rodízio... Homens e gringos gostam de muita carne, não? Eles vão à loucura!

Cozinha contemporânea: Maní
Eu simplesmente amo a cozinha da Helena Rizzo. E, na minha opinião, não tem pra ela. Comida diferente, saborosa até não poder mais, linda, variada, levíssima e que dá vontade de comer e de voltar. Eu vivo sonhando com pratos dela. E me inspiro neles quando vou cozinhar. Outro dia fiz o risoto de beterraba. Tem coisa mais linda e saborosa que aquele arroz de cor e sabor vibrantes? E o restaurante tem um ambiente muito agradável. É um dos primeiros lugares em que penso quando o espírito é de comemoração.

Cozinha rápida: Ráscal
O bufê é imbatível. Legumes assados, frios de boa qualidade, salmão, umas nozes temperadas deliciosas, guacamole num dia, tabule no outro, pizza sempre, pães, todas as folhas verdes, fritatas. Ou seja, comida boa, saudável, gostosa, ultra variada – dá para comer várias vezes sem enjoar –, e sem demora. Voto fácil.

Espanhol: Eñe
Este ano, votei com dor no coração. Sério, tenho um apego emocional ao Don Curro. Gosto muito do restaurante. Mas há tempos não ia. E não é que a comida não é mais a mesma? Poderia ter sido falta de sorte, mas depois conversei com outras pessoas, elas também acham que o restaurante não está atravessando excelente fase. Confesso que votei no Eñe por exclusão. E vou voltar ao Don Curro.

Francês: Le Marais Bistrot
Surpresa total o Le Marais. Já ouvi falar bem, já ouvi falar mal. Nunca tinha ido. Fui com um grupo grande, todo mundo pedindo pratos diferentes – o terror dos cozinheiros! É tão mais fácil fazer o mesmo prato para uma mesa grande... Mas isso é problema do chef, não do freguês. Pois bem, todos os pratos estavam deliciosos. Mais uma vez, foi um voto difícil. O Jacquin é sem dúvida um grande chef. Adoro a comida e o conceito do Le Jazz. O Le vin tem carnes e molhos ótimos. Mas o Le Marais é o que reúne mais qualidades no mesmo prato.

Italiano: Fasano
Aí fica difícil: eu sou fã declarada do Fasano – e não só enquanto restaurante italiano. A Nina Horta uma vez escreveu: “fosse rica, comeria lá dia sim, dia não. Para não enjoar, é claro” – ela sempre resume tudo tão bem. Este ano, só senti falta da minha sobremesa favorita, a pera no vinho com polenta doce. Por sorte, temos a receita aqui no site! O Fasano não é um lugar novidadeiro, que tenha composições mirabolantes à mesa. Tudo é tradicional, do serviço à apresentação dos pratos. E os ingredientes são de primeiríssima. Um espetáculo.

Italiano/cantina: Pasquale
Precisa haver a categoria cantina. Tem muito público para massa passada do ponto com molho vermelho. E também massa com recheio de presunto e muçarela ao molho rosê e catupiry (não estou brincando, é um prato que existe!). Ou ainda cabrito assado servido com arroz, batata e brócolis. No caso do cabrito, é só não comer o arroz – já as massas não têm salvação. Há exceções, porém. E o Pasquale é a melhor delas. É um restaurante que entrega o que se propõe a vender. A comida é boa, massa al dente, preço justo e, claro, como toda cantina, tem muitas opções.

Japonês: Shin-zushi
Não faltam bons restaurantes japoneses em São Paulo. Desde os sofisticados, como o Jun Sakamoto e o Kinoshita, do chef Tsuyoshi Murakami, até os achados da Liberdade. Há também os moderninhos, com decoração contemporânea, bons sushis de salmão e preços exorbitantes. Mas há uma questão pessoal envolvida nessa categoria. Morei 6 meses em Tóquio. E, desde então – eu era adolescente – fiquei viciada em comida japonesa. E gosto de restaurante japonês com cara de restaurante japonês e comida japonesa mais para tradicional, sem muita invencionice. Dentro desse critério, são dois os restaurantes que empatam, o Shin-zushi e o Aizomê. Voto difícil para mim. Os dois são incríveis, mas o Shin-zushi tem um balcão mais apetitoso, com várias opções de entradinhas, além do sushi. E que sushi!

Pizzaria: Olea Muzzarela Bar
Como contei no post anterior, a pizza do Olea não tem aquela massa que virou padrão nas pizzarias da cidade, bem grossa, com a borda queimada por fora e crua por dentro. Também não tem queijo amarelo, só muçarela de búfala. O molho é de tomates frescos. E a pizza de que eu mais gosto, a caprese, ainda leva tomatinhos-cereja em metades e manjericão fresco. Não é um local para quem gosta de pizza de catupiry. A pizza é leve. E é a melhor da cidade.

Português: A bela Cintra
Mais um voto inesperado. Além do Antiquarius, que sempre foi o meu restaurante português favorito, e do A bela Cintra, já clássico na cidade, fui conhecer o restaurante Bacalhoeiro. Restaurante fino, caro, serviço de gente grande. Tão de gente grande que não pode dividir prato. Ah, não! Eu expliquei para o garçom que, como éramos cinco pessoas, sendo três mulheres que comem pouco, iriamos pedir três entradas e três pratos e faríamos a divisão à mesa – assim, cada um poderia experimentar um pouco de tudo. O garçom fez que fez, explicou que os pratos eram individuais, porção na conta certa e não deixou. A mesa foi ficando constrangida e acabamos pedindo cinco pratos principais – e levando dois na dog bag para casa, claro. E a comida não chega aos pés do A bela Cintra. Fui na hora do almoço. O arroz de pato estava tão bom que parecia do Antiquarius de antigamente. O A bela Cintra está mesmo um beleza.

Variado: AK Vila
A mudança fez muito bem ao cardápio do AK. De Higienópolis, o restaurante foi para Vila Madalena e deixou a categoria ‘cozinha judaica’ para trás. Agora, a culinária das origens é apenas uma inspiração. Para começar, entradinhas como pastrami de língua, mexilhão tailandês, costelinhas grelhadas com melaço e laranja. (Viu como ficou variado?) No dia em que fui, eram 14 no total. Aí, surgiram os pratos da grelha, como lagostins, peixes (o com tahine é delicioso), picanha e pato. Os acompanhamentos são diversos, banana-da-terra com manteiga de garrafa, quiabo no azeite e balsâmico, abóbora assada com gengibre, além de várias batatas e uma farofa.


Bom e barato: Mocotó
O Rodrigo Oliveira já é velho conhecido da tchurma aqui do blog – e dos leitores da minha coluna na Lola. (Reveja o post sobre as receitas com tapioca que o Rodrigo me ensinou.) Ele transformou o restaurante herdado do pai, na zona norte, em São Paulo, num lugar pop de comida nordestina. Gente de todos os bairros enfrenta o trânsito paulistano, sem reclamar, para comer e beber no Mocotó. Mas não é à toa: a comida é ótima – cada vez melhor –, o lugar é autêntico e o serviço, caloroso. E não é caro, como a categoria indica.

Chef revelação: Alberto Landgraf
Como já falei da minha experiência no Epice no último post, não vou me estender aqui. Mas estou encantada com o chef Alberto Landgraf. Sem dúvida foi o chef que mais se destacou no período. E eu ainda vou aprender receitas dele para publicar aqui!

Chef do ano: Alex Atala
O Alex, com toda a visibilidade internacional, eleva o padrão da gastronomia paulistana. Para melhorar o todo, é importantíssimo ter referências. E, para mim, ele tem sido a mais importante.

Restaurateur: Marcelo Fernandes
Talvez você ache estranho eu votar no Marcelo sem ter votado em nenhum dos restaurantes dele. A explicação é simples. Pensei no conjunto, no trabalho que ele está fazendo, investindo na gastronomia paulistana, independentemente de eu gostar ou não de todos os estabelecimentos.

Ambiente: Ritz (Iguatemi)
Não acho que o Ritz seja o restaurante mais bonito da cidade, longe disso, mas é o ambiente mais paulistano. Ele acaba de nascer no novo endereço e já é um marco. Incrível esta família Ritz-Spot, eles são a cara de São Paulo. Imaginei que os jurados fossem votar em lugares mais sofisticados, por isso, também, achei importante indicar um local mais cotidiano. E como é gostoso almoçar no Ritz – até dentro de um shopping!