A alimentação do bebê  

A alimentação do bebê  
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Por Rita Lobo - 18 de novembro de 2019


Esta notícia é para ser comemorada com um belo pê-efinho: acaba de ser lançado o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos. Não via a hora de isso acontecer, porque a alimentação nos primeiros anos impacta a saúde para a vida inteira. E a coisa vai mal: metade da dieta das crianças com menos de 2 anos no Brasil é composta por ultraprocessados, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

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Clique para baixar o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos

É grave: além do impacto imediato da ingestão de quantidades elevadas de açúcar, gordura e sal, sem falar nos aditivos químicos, o consumo de produtos ultraprocessados causa danos no longo prazo, fragilizando a saúde dessas pessoas e deformando o paladar de gerações inteiras. Os ultraprocessados estão na base da epidemia mundial de obesidade. Bebidas lácteas (tipo leite achocolatado), leite fermentado, biscoitos, farinhas instantâneas para engrossar leite ou fazer mingau (e até refrigerante!) são alguns dos produtos mais consumidos nessa faixa etária.

A consequência já é sentida na rede de saúde pública: 3 em cada 10 crianças atendidas pelo SUS estão acima do peso, também de acordo com dados do Ministério da Saúde.

O Guia chega em boa hora. Ele serve como gabarito para os agentes de saúde abordarem os temas relacionados à nutrição da criança. O documento é fruto do trabalho de 40 pesquisadores e foi organizado pelas especialistas Gisele Ane Bortolini (da coordenação de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde) e Inês Rugani Ribeiro de Castro (professora associada do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro).


É difícil resumir o trabalho tão extenso e denso das mais de 250 páginas do documento. Mas quatro pontos são fundamentais:

- Amamentação. O leite materno é o melhor alimento para o bebê. A recomendação é que do nascimento (a primeira mamada deve ser nas primeiras horas de vida) até os seis meses o bebê se alimente exclusivamente de leite materno – em livre demanda, ou seja, a hora que quiser. A amamentação deve ser mantida até os dois anos, podendo continuar depois desse marco de acordo com decisão da mãe.

- Comida de verdade. A alimentação da criança deve ser baseada nos mesmos alimentos das refeições da casa, desde que sejam in natura e minimamente processados. Os ingredientes culinários processados, como sal e óleo, devem ser usados com moderação para preparar as refeições. Já o açúcar fica de fora até os dois anos. Os alimentos processados, como pães e queijos, devem ser oferecidos o menos possível. Ultraprocessados não devem fazer parte da alimentação. (Aliás, não só da criança, mas da família inteira.)

- Momento da refeição. Seja ainda no aleitamento, seja à mesa com a família, a hora da refeição é ainda mais importante para as crianças. É momento de troca afetiva, de criação de laço e de formação. Não deve ter distrações. É TV desligada e celular longe da mesa.

- Assunto da família. Desde o apoio à mãe que amamenta até o planejamento e preparo das refeições da criança, a alimentação deve ser uma prioridade da família: "Do pai da criança, do companheiro ou companheira da mãe, das avós, dos avôs, dos colegas de faculdade e de trabalho".

Divulgue o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de Dois Anos. É um documento importante, moderno e que pode mudar a vida de muitas crianças e muitas famílias.

Para quem acompanha o Panelinha, as orientações deste novo Guia já são bem familiares, porque seguem a linha do Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em 2014.

Os dois guias demonstram, com orientações simples, que é possível manter uma alimentação saudável sem precisar decorar todos os nutrientes nem saber calcular calorias de um prato – basta comer comida de verdade e seguir o nosso padrão alimentar tradicional.

Clique para baixar o Guia Alimentar para a População Brasileira

O Guia das Crianças também se baseia na classificação dos alimentos por grau de processamento (a classificação chama-se NOVA), criada pelo professor Carlos Monteiro e sua equipe no Nupens, o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, entidade que é parceira científica do Panelinha.

Muita gente aqui já conhece o professor Monteiro, porque ele apresentou comigo a série Comida de Verdade, no Canal Panelinha no YouTube. E também porque o Nupens está presente em todos os trabalhos do Panelinha, seja no site, em livros, em vídeos. Foi com a colaboração de médicos e nutricionistas do Nupens que fizemos os livros da Coleção Já pra Cozinha!: Comida de Bebê, Cozinha a Quatro Mãos e Só para Um

Conheça o professor Carlos Monteiro

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O projeto Comida de Bebê reúne todas as informações de que a família precisa para colocar em prática a introdução à comida de verdade.

Tem página no site Panelinha, livro, e uma série no YouTube com mais de 40 episódios, com informações teóricas, receitas e respostas às dúvidas mais comuns dos pais no período de introdução alimentar.