Simplifique a alimentação

Simplifique a alimentação
Compartilhe

Por Rita Lobo - 04 de outubro de 2019


Estou convencida: a melhor maneira de melhorar imediatamente a alimentação é trocar toda e qualquer bebida doce por água. Isso já foi assunto por aqui, em função da pesquisa publicada pelo Journal of the American Medical Association (JAMA), que associava o consumo de bebidas adoçadas a uma piora da saúde e, especificamente, ao aumento de risco de câncer (leia a pesquisa em inglês aqui).

Este texto foi publicado originalmente na minha newsletter (26/9). Assine aqui


O assunto voltou à tona na semana passada, com a repercussão das recomendações da Healthy Eating Research (programa de incentivo à alimentação saudável da Fundação Robert Wood Johnson), que reuniu informações e apoio de outras quatro importantes instituições: Academy of Nutrition and Dietetics (nutrição), American Academy of Pediatric Dentistry (saúde dental infantil), American Academy of Pediatrics (pediatria) e American Heart Association (cardiologia).

Veja abaixo as recomendações. Elas são pensadas para crianças, mas não são distantes do que é indicado para os adultos. Sabe como é, né? Não dá para apontar o dedo para a criança e dizer que "chega de refrigerante", enquanto segura uma latinha na outra mão.

As recomendações simplificam a vida dos pais: é água e leite. E se para a família for uma questão não ter suco, vale um copo por dia, desde que natural e sem açúcar – lembrando que é melhor para a criança comer a fruta in natura. E matar a sede com água.

O objetivo principal é ajudar as crianças a formar um paladar saudável, moldado para gostar do que faz bem para a saúde delas. Ninguém vai ficar doente de tomar suco, mas vai ter uma saúde pior se não criar o hábito saudável de tomar água.

As crianças desenvolvem suas preferências por comida e bebida no começo da vida. E precisam ser guiadas para que formem um paladar que as proteja do sabor excessivamente doce dos produtos ultraprocessados – na comparação, a comida de verdade fica sem graça.

Leite puro

Para os bebês até seis meses, é alimento exclusivo (aleitamento materno ou fórmula). Para os que tomam fórmula, a recomendação é trocar pelo leite de vaca a partir de 12 meses. Até um ano, a hidratação é garantida pelo leite.

Água

É a bebida preferencial (exceto para bebês de 0 a 6 meses). A partir dos 6 meses, deve ser oferecida, para que a criança aprenda a matar a sede com água.

Suco

A melhor escolha é: nenhum. Mas se for suco natural, 100% feito de fruta e sem adição de açúcar, vale um copo pequeno por dia. É melhor para a criança comer fruta e tomar água.

Leites vegetais

As evidências científicas mostram que, com exceção do leite de soja, os leites vegetais, como de amêndoas, arroz e aveia, não têm nutrientes-chave encontrados no leite de vaca. Além disso, leites vegetais comprados têm adoçantes e saborizantes artificiais. E mesmo que o leite seja reforçado com nutrientes, como proteínas e cálcio (informação destacada nas embalagens), os cientistas alertam que não está claro se o corpo absorve os nutrientes adicionados com a mesma eficiência com que absorve os que estão naturalmente presentes nos alimentos. Em caso de alergia ou se a família não consome laticínios, a melhor escolha é o leite de soja.

Bebidas cafeinadas

Café, chás e bebidas que tenham cafeína devem ser evitados.

Bebidas adoçadas

Sucos de caixinha, leite com chocolate de caixinha e refrigerante não devem fazer parte da oferta para a criança. Excessivamente doces, além de não ter valor nutricional, deformam o paladar, que passa a achar água e leite sem graça.

"Evitar esse tipo de bebidas no começo da vida ajuda a criar e manter hábitos saudáveis no futuro"

Health Research Nutrition

Se quiser ler mais sobre as recomendações, acesse o site da Healthy Eating Research (em inglês).