Tudo que cozinhamos em 2017  

Tudo que cozinhamos em 2017  
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Por Rita Lobo - 05 de outubro de 2017



Apesar do clima ladeira abaixo que o Brasil enfrentou em 2017, o ano que passou foi bom no Panelinha. Principalmente porque conseguimos conversar mais com você. Além das redes sociais – nosso principal ponto de contato –, passamos a enviar uma cartinha semanal com enquete (sim, uma newsletter), também teve a volta do ‘Rita, Help!’... Vou explicar tudo isso melhor a seguir.


Comida de verdade x imitação de comida

Sai ano, entra ano, o nosso objetivo por aqui é sempre o mesmo: ajudar você a cozinhar mais e se alimentar melhor, de forma saudável e saborosa. Mas à medida que a conversa vai evoluindo, o nosso foco editorial também muda. Quer ver como as coisas avançaram? Há apenas dois anos, nesse mesmo período, o nosso principal esforço era evidenciar a diferença entre comida de verdade e imitação de comida – ou produtos ultraprocessados.

Fazer essa distinção é essencial para manter a alimentação saudável e nos empenhamos muito para espalhar a notícia: produzimos o curso Comida de Verdade (no ar no canal Panelinha no Youtube); publicamos o blog Alimentação Saudável com post diários, muitos deles respondendo às dúvidas que iam surgindo sobre o assunto nos nossos perfis nas redes sociais – eu mesma passei muitas horas conversando no Twitter! Ensinar a classificação dos alimentos por grau de processamento foi, de certa forma, o nosso tema central em 2016.


Parece que funcionou: uma parte gigantesca do nosso público entendeu que ler os ingredientes do rótulo é obrigatório, antes de colocar um produto alimentício no carrinho do supermercado. Mas não custa lembrar: os melhores alimentos são aqueles que não lista de ingredientes no rótulo – ou que nem têm rótulo! Pense nas frutas, nos legumes, nos grãos, nas carnes que não foram temperadas na fábrica...


Ficou claro para muita gente que os melhores alimentos não têm lista de ingredientes no rótulo


Este aprendizado foi transformador. Mas estava na hora de dar mais um passo e falar sobre outro aspecto. Para que a alimentação seja saudável, de verdade, não basta deixar a comida mais natural: comida de verdade também tem a ver com a forma que combinamos os alimentos no prato. Não é porque o bolo foi feito em casa que a gente pode trocar o almoço por quatro fatias dele! Também fica esquisito fazer dieta da moda e dizer que é comida de verdade, só porque não inclui ultraprocessados. Comida de verdade vai além, leva em consideração o nosso padrão alimentar tradicional.

Dieta brasileira

Em 2017, demos um passo adiante e incluímos na conversa a importância de seguir a dieta brasileira, tão bem simbolizada pela dupla arroz e feijão. Não foi por acaso que esse nosso jeito de comer, que junta no prato arroz, feijão, hortaliças e carnes, virou um padrão alimentar tradicional. Ele foi sendo elaborado no decorrer de centenas de anos, testado e aprovado pelas populações, com os alimentos abundantes nas diferentes regiões do país, combinados de forma balanceada. Se você tira o arroz do prato, porque leu em algum lugar que não é um alimento rico em nutrientes, vai desequilibrar a sua alimentação.


Um pequeno parêntese para quem está chegando agora – vai ajudar a ilustrar melhor o que estou contando aqui. Dos vinte aminoácidos existentes, o feijão tem dezenove. Falta apenas um para ele ficar quase tão rico quanto uma carne. Pois adivinha quem tem esse aminoácido que falta? Sim, o arroz. Certamente os nossos antepassados não tinham essa informação quando juntaram os dois no prato. Mas, além de ser gostosa, dia após dia, essa combinação parecia dar sustento ao corpo, e assim, continuou sendo feita, e foi passando de geração para geração, até virar a base da nossa alimentação, de famílias de todas as classes sociais.


Enquanto o prato feito (com arroz, feijão, farinha, carnes e hortaliças variadas) era a base da nossa alimentação, a saúde do brasileiro estava muito melhor. É um contrassenso abandonar um padrão tradicional de alimentação (que funciona!) em troca de modismos alimentares. Mas é exatamente isso que muita gente anda fazendo.


A partir do momento em que fomos nos afastando da cozinha, e passamos a trocar a comida de verdade por produtos ultraprocessados, os índices de obesidade cresceram de forma galopante. No mesmo ritmo, para resolver um problema causado pela comida industrializada, surgiram (e continuam surgindo) outros produtos, sempre na onda das dietas da moda. Uma hora a indústria quer que você deixe de comer gordura e faz produtos light. Na outra, o problema é o açúcar e a solução é a comida diet. (A solução não é substituir açúcar por adoçante, mas comer menos açúcar.) É um ciclo vicioso, alimentado por investimentos pesados em marketing, para você acreditar que, agora, por exemplo, o problema seja o glúten. Milhares de pessoas, sem nenhuma necessidade especial de alimentação, passaram a consumir pão sem glúten, macarrão sem glúten...

Solução anti-modismo

Valorizar o nosso padrão alimentar tradicional é parte do antídoto para o veneno que são as dietas da moda. Logo no primeiro semestre de 2017, para falar da dieta brasileira de uma maneira aplicada, que é como a gente sabe trabalhar, fizemos a temporada dos pê-efes no Cozinha Prática no GNT. Na sequência, no canal Panelinha no YouTube, teve a estreia da série Refogado, baseada no método de cozimento essencial na cozinha brasileira. Mas a gente foi além. Era importante começar uma discussão sobre o que é alimentação saudável e lembrar ao nosso público que comida não é o inimigo: alimentação saudável de verdade está diretamente ligada ao prazer de comer – e de cozinhar.


Esse foi o tom da conversa durante 2017 no Panelinha, que teve ainda a estreia do site novo! Como dizia a minha avó Maria Rita, para planejar o futuro, é sempre bom dar uma espiadinha no passado. Veja a seguir a nossa retrospectiva de 2017. Mas vamos rebobinar, do fim para o começo? Assim a gente vai ativando a memória e se preparando para melhorar ainda mais a alimentação em 2018. Viu como o papo funciona?

No ano que está começando, vamos continuar conversando sobre a dieta brasileira, mas é hora também de ampliar os horizontes culinários e investir na divisão de tarefas. Há tempos a gente vem falando sobre isso, mas é preciso colocar a teoria em prática. Você vai ver o assunto pipocando em todos os nossos projetos. Até no Cozinha Prática Verão, que se transformou num curso de culinária! Afinal, dividir as tarefas faz parte do aprendizado.

Saiba mais sobre a divisão de tarefas estruturada

Cozinha Prática no GNT

Receita com Memória

A temporada do segundo semestre de 2017 teve tudo a ver com o prazer de comer e de cozinhar. Quem vai ficar pensando em glúten quando o pão traz as lembranças de um avô carinhoso, do café da manhã cheio de afeto? A gemada da mãe, o bolo do aniversário dos filhos, a torta de nozes da avó, um risoto japonês que faz pensar no valor das amizades duradouras. Foram muitas memórias e muitas receitas, para relembrar que comida vai muito além dos nutrientes. Ela alimenta as relações, conta a nossa história, nos identifica como povo. Memórias dão significado às receitas. Com esse tema, a temporada foi sucesso de público e de crítica – tirou duas vezes nota 10 na coluna da mais importante crítica de TV, Patrícia Kogut.

Veja tudo sobre a temporada Receitas com Memória

Temporada dos pê-efes

A identidade brasileira foi assunto da temporada do pê-efes do Cozinha Prática, que estreou no primeiro semestre deste ano. A temporada foi recordista no pedido de “faz um livro dos pê-efes, Rita!”, mas quem já conhece ‘O Que Tem Na Geladeira?’, que lancei no ano passado (e que chegou ao primeiro lugar de livros mais vendidos da revista Veja) notou que as receitas saíram de lá! A partir dos alimentos que todo mundo tem em casa, mostrei 13 pratos feitos, sempre com arroz, feijão, legumes e uma carne (ou ovo) e nada de mesmice. A gente conseguiu celebrar o padrão alimentar brasileiro, essa dieta poderosa e eficiente, que além de garantir uma alimentação balanceada no dia a dia ainda facilita radicalmente o planejamento da semana. Com arroz e feijão no prato, metade da refeição está resolvida.
Veja tudo sobre a temporada dos pê-efes aqui



Dá Pra Ser Caseiro

No Verão de 2017, mostrei como preparar em casa alimentos que a gente ficou acostumado a comprar no supermercado, sem se dar conta que muitos deles são ultraprocessados. Teve iogurte, pão de forma, geleia, temperos, molho de tomate e seleta de legumes. E ainda mostrei muita dica de planejamento e reaproveitamento para abrir este ano que foi tão intenso!
Conheça a temporada Verão 2017

Canal Panelinha no YouTube


Refogado

Para fazer um bom arroz e feijão, é preciso um refogado caprichado. Essa técnica de cozinhar a cebola no azeite com outros temperos para dar sabor ao arroz, ao feijão, ao legume, à carne moída, é a cara da cozinha brasileira e é, de quebra, uma ferramenta poderosa de variação de sabor. Nessa minissérie no canal Panelinha no YouTube, mostrei, em cinco episódios, como tirar da rotina os preparos do dia a dia e deixar o cardápio da semana bem variado.
Assista à série Refogado


A temporada dos pê-efes e a série Refogado ajudam a resolver o dia a dia sem cair na mesmice. O planejamento fica mais fácil e os sabores, mais variados


Rita, Help!

O SAC, o serviço de atendimento ao cozinheiro, do Panelinha voltou para ficar com a reestreia do Rita, Help!, agora com um formato mais pá-pum: você manda suas dúvidas pelas redes sociais usando a hashtag #RitaHelp, a equipe Panelinha reúne as perguntas por temas e respondo toda semana, no canal Panelinha no YouTube. Agora no Natal fiz hora extra e respondi as perguntas duas vezes por semana. Ufa! Em fevereiro o Rita, Help! volta ao ar.

Assista todos os episódios de Rita, Help!

No site e nas redes sociais

Novo Panelinha

Logo no começo do ano começamos o complexo processo de mudança do site Panelinha. Depois de 16 anos, o site passou por uma renovação total. Ganhou novo visual e passou a ser responsivo, ou seja, passou a se adaptar a telas de celular e tablet. A busca de receitas ficou mais eficiente, ficou mais simples compartilhar os preparos com seus amigos e o conteúdo que a gente produz todos os dias está mais fácil de acessar.

Carta da Rita

Um e-mail enviado todas as semanas com conteúdo exclusivo para os leitores cadastrados (que ainda por cima concorrem a um livro autografado por mim todo mês) foi outra novidade deste ano. Nesta carta, além de trazer discussões e seleções de receitas pensadas de maneira mais personalizada, a gente também faz perguntas e, a partir das respostas dos leitores, pensamos novos conteúdos, cada vez mais customizados.

Cadastre-se para receber a cartinha (e concorrer a livros autografados)

Comida de bebê

Por fim, ou para começo de conversa, lancei no mês de novembro o projeto Comida de Bebê: uma introdução à comida de verdade, uma parceria editorial com o Senac, com a consultoria dos médicos e nutricionistas do NUPENS/USP, os nossos parcerios científicos. É livro, série no YouTube e página especial no site, com tudo de que você precisa saber para conduzir esse momento tão especial da vida do seu filho – e da família.

Conheça o projeto Comida de bebê